Alguns motivos para você trabalhar no seu medo da rejeição

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Ter medo de não ser honesto em certas situações é normal. Afinal, somos “criaturas tribais”: vivemos em grupos (trabalho, família, parceiro(a)), e ser aceito pelas pessoas que estão perto de nós é importante. Queremos ser bem vistos e queremos pertencer aos grupos. É uma questão não somente psicológica, mas biológica também. É só pensar nos homens das cavernas: aquele que for expulso do grupo não terá comida, não terá a chance de procriar, e também não terá segurança.

Apesar de realmente termos de nos ‘portar’ de uma maneira diferente do que gostaríamos às vezes, muitas pessoas levam isso ao extremo, criando conflitos internos e externos, ao invés de evitá-los. Pessoas que sempre dizem “sim” para pedidos de colegas e familiares quando realmente querem dizer “não”, e pessoas que nunca expõem seus pensamentos por medo de serem julgadas são bons exemplos disso. Eis alguns motivos para você trabalhar no seu medo da rejeição:

Exaustão:
Agradar a todos pode ser uma solução temporária, mas desgastante. Aceitar a todos os convites, ajudar a todos e realizar todos os pedidos das pessoas próximas drena a sua energia como uma esponja, especialmente quando são coisas que você realmente quer recusar, porém não tem coragem. Já percebeu como é muito mais difícil fazer algo que não queremos? Fazer isso o dia inteiro e todos os dias é impraticável. Na vida, temos que abrir mão de certas coisas, e certos favores devem ser feitos, é fato. No entanto, se você se vê arrastado para todos os caminhos menos para o seu, repense o seu comportamento com os outros. Lembre-se que por mais que você queira, é impossível agradar todo mundo. Você não é o guardião da felicidade das outras pessoas, mas você é responsável por sua própria felicidade.

Inautenticidade:
Concordar com tudo e com todos faz com que você omita a sua verdadeira personalidade, o seu verdadeiro “eu”. Assim como você vê quem está sendo falso com você, as pessoas irão perceber com o tempo que você não está sendo honesto com elas, independente de ser por um motivo ‘bom’ ou ruim. Um dia, a máscara cai, ela sempre cai, é apenas questão de tempo. Ser honesto nas suas opiniões e comportamentos abre uma porta para uma vulnerabilidade, isto é, a possibilidade de se machucar. No entanto, é essa mesma vulnerabilidade que é a chave para relacionamentos genuínos. Com uma “máscara social” você pode até evitar de se magoar, mas, por outro lado, não forma vínculo honesto e real com ninguém.

Perda de oportunidades:
Não expor suas ideias é a maneira perfeita de perder conexões e oportunidades, especialmente nos negócios. Já vi muitos pacientes com ideias boas, porém com um medo enorme de comunicá-las. Às vezes, ter uma opinião diferente do grupo pode abrir muitas portas, ou pelo menos criar caminhos para estas. Lembre-se que não há garantias de que a sua ideia será aceita, mas se você não colocá-la na mesa, você não apenas evita rejeições, mas também evita possíveis recompensas. O “não” já é garantido, pense nisso.

Relacionamentos tóxicos:
Ao se comportar de um modo que você não quer para agradar aos outros o tempo todo, cria-se uma raiva interna que acaba sendo passada, quer você queira ou não. Comportamentos passivo-agressivos, indiretas e elogios falsos são típicos nesse tipo de situação, o que, obviamente, desgasta qualquer relacionamento.

Falta de respeito:
Se você não se respeita, não espere que os outros te respeitem. O medo da rejeição facilita a criação de relacionamentos abusivos, pois quando não há limites, (acredite, muitas) pessoas avançam.

 

Lembre-se de que a vida é feita de erros e acertos. Quando não damos passos para nenhum lado, podemos até não errar, mas também não vamos acertar.

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Quando pedir desculpas, siga essas regras

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Como mencionei no post anterior, todos cometemos erros, especialmente com as pessoas mais próximas de nós. Logo, é apenas óbvio que, em mais cedo ou mais tarde, teremos de pedir desculpas a alguém.

Mas será que a sua desculpa tem valor?

Muitas pessoas distribuem “desculpas” como se fossem flores, apenas para repetir o erro novamente mais a frente. O ato de pedir perdão é como uma reconstrução da ponte entre você e o outro: se fizer um trabalho mal-feito, a ponte pode desmoronar. É a confiança que está em risco.

Sendo assim, é importante que o pedido seja honesto e consciente. Considere os pontos a seguir, antes de dar o importante passo:

Sinceridade:
Você realmente está arrependido(a)? Você entende como a outra pessoa foi afetada? Se você está apenas pedindo desculpas para se livrar de reclamações, seu pedido não é sincero.

Responsabilidade:
Você está assumindo a responsabilidade dos seus erros, ou está culpando algo ou alguém? A grande maioria das defesas e justificativas que vêm junto com um pedido de desculpas são para jogar a batata quente para outro lugar. Tenha isso em mente.

Foco:
É importante ser específico para si mesmo e para o outro em onde errou, para não cometer o mesmo erro novamente. Ser específico também mostra para a outra pessoa que você sabe exatamente o que fez de errado, e que não está pedindo desculpas “por qualquer coisa”.

Compromisso:
Como é que você pode evitar o mesmo problema no futuro? A resposta para essa pergunta deve ser encontrada e comunicada junto com o pedido.

Gratidão:
Lembre-se de agradecer por receber mais uma chance; elas nem sempre são concedidas. Faça esta valer.

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Perdão, justiça, punição e relacionamentos

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É apenas bom senso deixar pequenos erros dos outros de lado. Se irritar por coisas bobas é perda de tempo e de energia, além de possivelmente drenar nossos relacionamentos a longo prazo. Ninguém é perfeito, então é de se esperar que pessoas com quem convivemos nos aborreçam/magoem de vez em quando, assim como nós faremos o mesmo com elas. O que eu quero dizer é, uma roupa deixada no chão (ou qualquer coisa pequena que você queira imaginar aqui) uma vez não é motivo para brigar com o seu parente ou parceiro, nem motivo para deixar notinhas passivo-agressivas pela casa. Aliás, ser passivo-agressivo nunca é a solução para nada, mas essa conversa fica para outro dia.

No entanto, o que fazer quando se trata de transgressões graves?

O que fazer quando realmente sofremos após um ato grave feito por alguém que amamos? Após o erro, um desequilíbrio se instaura no relacionamento (não necessariamente amoroso) e, obviamente, precisamos tomar uma atitude perante isso. Muitas pessoas se perguntam o que fazer quando isso acontece: Devo apenas perdoar? Devo me vingar? Ou fazer tratamento de silêncio?

A resposta para essa pergunta é: nenhuma das opções anteriores.

Nessas situações de injustiça, podemos responder de várias formas:

1) Apenas perdoar, e acreditar que não acontecerá novamente.
2) Cometer um tipo de justiça punitiva. Exemplos: tratamento de silêncio, pagar na mesma moeda, humilhação virtual ou pública…
3) Aplicar a justiça restauradora.
4) Não perdoar e cortar os laços. É sempre uma opção (e, algumas vezes, a certa), mas não é o assunto deste texto. Logo, não vamos trabalhar no nº4.

Com isso em mente, vou colocar aqui uma situação, os exemplos de resposta e suas consequências:

Situação:

João e Maria são casados. Em um churrasco, Maria bebeu demais e “pagou mico”: falou demais (como a maioria dos bêbados fazem), e compartilhou detalhes íntimos sobre ela e seu marido. João se aborreceu, obviamente. Maria não tinha 15 anos e deveria controlar sua bebida. Além disso, ela não deveria falar detalhes íntimos sobre os dois sem falar previamente com ele. Ele a carregou para casa, e no dia seguinte ela não se lembrava muito do que tinha acontecido; já ele, se lembrava muito bem, e estava extremamente magoado.

João poderia responder das seguintes maneiras:

1) Fingir que nada aconteceu, ou apenas contar o que aconteceu e não falar sobre seus próprios sentimentos, como se não tivesse acontecido nada importante, perdoando o ato.
Obviamente, tomando essa decisão, João continuaria se sentindo magoado e injustiçado, talvez “acumulando raiva” para uma briga no futuro, o que poderia destruir o relacionamento eventualmente. Além disso, Maria não aprendeu nada nessa situação. Ela não viu nenhuma consequência em seu comportamento, deixando assim uma brecha para a repetição da bebedeira, o que, obviamente, pioraria o relacionamento do casal. Resumindo, isso seria danoso não somente para João, mas também para o casal.

2) Justiça punitiva: João poderia encher a cara no próximo churrasco, para sua esposa “sentir na pele” o que ele sentiu.
Dois problemas não criam solução, e sim um problemão. João pode até se sentir bem momentaneamente fazendo isso, mas não vai durar muito. A verdade é que nada foi resolvido, o ressentimento voltará, e não apenas para João, mas agora também para Maria, que ficará magoada com o comportamento de seu marido.

Outro exemplo de justiça punitiva: tratamento de silêncio.
João poderia não explicar nada e simplesmente não falar com Maria até ela pedir desculpas, ou até ele “perdoar” por si mesmo (o que voltaria para o caso 1). Sem ouvir o problema e os sentimentos de João, Maria pediria desculpas, mas nada garante que esse pedido seja honesto.

Na melhor das hipóteses, Maria teria aprendido a lição: teria se arrependido honestamente e não repetiria mais a bebedeira. Ela veria que magoou seu marido, e aprenderia com o seu erro.

No entanto, sem receber um feedback de seu marido, de como ele se sentiu, e o impacto que aquilo causou no relacionamento, Maria poderia muito bem achar o tratamento de silêncio uma atitude infantil e exagerada de João, pedindo desculpas apenas para amenizar as coisas. Isto é, haveria uma probabilidade de Maria não entender a gravidade da situação. Novamente, João pode se sentir bem com a “vingança” e com o pedido de desculpas de sua esposa (que pode muito bem ser um pedido de desculpas completamente vazio), mas não por muito tempo.

3) Justiça restauradora:
João não se sente confortável e não quer conversar por um tempo, o que é direito dele – afinal, ele está magoado. Porém, ao contrário da situação anterior, João senta com Maria no dia seguinte e expressa como se sentiu, algo como:
“Olha, eu não quero papo por um tempo. Você me magoou muito com o jeito que se portou ontem.” Prosseguindo com mais explicações, e mostrando como isso afetou o relacionamento, pedindo para que isso não aconteça novamente.

Ao escutar seu marido, Maria não tem dúvidas da gravidade do que aconteceu, e de como tudo isso causou um impacto em seu relacionamento com João. Uma via de comunicação saudável entre o casal abre mais possibilidade para um pedido de desculpas honesto de Maria, assim como uma solução real para o problema, ao invés de varrê-lo para debaixo do tapete. Se Maria for razoável, ela entenderá o problema e não repetirá o ato. Claro, tudo ainda está fresco na memória de João, e nada é perdoado imediatamente; ele tem todo o direito de continuar aborrecido por um tempo, é apenas natural. No entanto, expressando para sua esposa como se sentiu e com um pedido de desculpas sincero dela, o perdão será verdadeiro, e não algo que ficará corroendo no fundo de sua mente por tempo indeterminado.

Resumindo:

Nunca ache que a outra pessoa lê a sua mente. Uma comunicação aberta e honesta é essencial para a resolução real do problema. Se está com muita raiva no calor do momento, tudo bem: se afaste e depois converse com calma, explicando todos os pontos. Perdoar por perdoar não apenas cria um desequilíbrio no relacionamento (romântico ou não), mas também o torna tóxico. Além disso, deixar erros graves de lado faz com que a outra pessoa não veja a mesma seriedade destes, deixando-a mais propensa à repetição dos mesmos. Afinal, é necessário que esta veja o dano que causou para poder fazer um pedido de desculpas honesto e aprender com o erro. Por último, lembre-se que vingança pode parecer a melhor solução no calor do momento, mas elas são apenas temporárias. Elas fazem com que os problemas voltam depois, cada vez maiores, como uma bola de neve.

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